Vida após a tinta - setembro 2010


Esquerda - Lápis 2b, sketchebook. Direita - Tinta acrílica, sobre papel paraná. 25 x 40 cm


Continuo experimentando atmosferas mórbidas, mas este não finalizei no Photoshop como o do ultimo post. Ao passar para a pintura o negocio mudou completamente, não necessariamente para algo indesejado. Tinha a intensão de chegar ao mesmo acabamento, mas acabei por criar duas linhas estéticas diferentes.

No primeiro trabalho a textura do lápis me seduziu e gostei dos resultados alcançados pelo photoshop. Como na pintura as coisas ainda não respondem exatamente as minhas expectativas, muitas vezes opto por jogar o jogo do material. Alguns diriam que estou errado, que devemos fazer tudo que imaginamos independente do material. Outros diriam que cada material tem seu limite, seguir as regras do material é como deve-se fazer. Pessoalmente já pensei das duas maneiras. Creio que estar a mercê do material é fazer parte da realidade. Usar o limite do material a seu favor é uma questão de amadurecimento.

Fiz questão de postar as imagens para comparação:


Comparativo entre os desenhos e respectivas finalizações

No primeiro consegui elementos que lembravam desgaste, como metal enferrujado ou tinta desbotando por ficar exposta ao tempo. Isso foi possível por ter mantido a textura do lápis no papel que preenche apenas alguns poros deixando outros em branco. Depois usando sobre essa textura filtros em layers coloridos no photoshop esses poros saturaram nesses tons avermelhados. Em outro layer usei o branco com um pouco de transparência, simulando uma veladura de tinta acrílica aguada.
No segundo já não haviam texturas de lápis pois esses foram totalmente cobertos pelas primeiras camadas de acrílica. Mesmo que houvesse essa textura, acredito que não conseguiria um resultado parecido com o filtro do photoshop. A tinta apresentava sua natureza e sugeriu outros meios. Tomei algumas decisões que se opuseram completamente a linha de raciocínio do primeiro trabalho mas que guiaram-me para um caminho promissor. O desenho extrutural feito no suporte ficou diferente do esboço pois senti a necessidade de conferir uma postura mais dinâmica a imagem. Com isso consegui um visual bem sereno, dando a impressão que moça flutua na névoa. Tive cuidado com contraste, mantendo-o claro, para manter a leveza. Resolvi preencher o rosto dela com pinceladas mais expressivas que ocasionaram algumas texturas. Depois disso velei de acrílica amarela bem aguada quase toda a composição, deixando apenas o ponto focal com o contraste diferenciado.
Um conceito para dois trabalhos diferentes que me fizeram entender muitas coisas. O importante é a aventura pois ela sugere muitos outros caminhos.

Era para ser uma série mas no decorrer do processo a similaridade ficou apenas no conceito. Achei as duas abordagens interessantes. O próximo passo é inverter isso, tentar pintar com esse raciocínio denso no photoshop e tentar finalizar um desenho a lápis com tinta acrílica aguada :)

Desenho novo: http://www.flickr.com/photos/udes/5028767756/

Por hoje é só pessoal.